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21 de janeiro de 2015

Entrevista: Leila Krüger, autora de “Reencontro”

 

Leila Krüger nasceu em Ijuí, Rio Grande do Sul. É romancista, poeta e contista. Tem poemas e contos em jornais, revistas e portais na Internet. Lançou “Reencontro”, sua primeira obra, um romance, em 2011 pela Editora Novo Século – SP. Após recebeu premiações nas categorias conto e poesia. Lançou o livro de poemas “A Queda da Bastilha” na Feira do Livro de Porto Alegre em 2012, pela Confraria do Vento – Rio. Em 2014 publicou o livro de crônicas “Coração em Chamas”, pela Multifoco – Rio, selo Redondezas Crônicas. Participou de várias antologias de poemas e contos entre os anos de 2011 e 2014.

1 – Primeiramente, seja muito bem vinda ao Barato Cultural! Bem, sabemos resumidamente sobre o seu trabalho e os livros que lançou. Mas, quem é Leila Krüger? 

Leila: Obrigada, eu que agradeço o convite! Essa é a pergunta que nunca vai calar, eu acho. É o que tento responder quando escrevo cada linha, quando observo cada cena, quando tenho cada ideia. Mas, especialmente durante os últimos tempos, aprendi que é importante termos a “liberdade de sermos nós mesmos”. Ter nossos preceitos, nossas raízes, mas nos permitirmos mudar, descobrir coisas novas, aprender. Resumindo, sem ser tão vaga, eu nasci no Rio Grande do Sul, tenho formação na área de Comunicação, amo escrever, amo livros – os bons, é claro –, tenho uma curiosidade nata pelas coisas e cada vez aprendo mais a gostar de tudo o que a vida tem a me oferecer de melhor. Sem medo e sem culpa, mas com responsabilidade e sinceridade. Na verdade, eu sou só aquela garota tímida de onze anos que nunca vai embora! 

2 – Como surgiu a Leila escritora nessa jornada?

Leila: Acho que ela nasceu junto comigo, mas foi descoberta aos poucos. Ainda no primeiro grau escrevi meu primeiro livro, que ficou engavetado e se perdeu. Aí comecei a escrever em blogs e tal. Eu sempre ia bem em Português no colégio, elogiavam minhas redações, mas só lá por 2010 fui pensar em publicar um livro. Essa história de “Reencontro”, meu primeiro livro, ficou por muito tempo ruminando na minha cabeça, até que um dia me sentei e a escrevi até o fim. Foi uma coisa de alma. Não consigo pensar em uma história que não venha da alma de um escritor. Com a publicação de “Reencontro” surgiu oficialmente a escritora, ao menos para mim foi o marco. Daí não parei mais de escrever e de ler, cada vez mais. Romances, poema, crônica, até conto. 

3 – Quando começou sua carreira?

Leila: Como disse, oficialmente em 2011, com o livro Reencontro, pela Editora Novo Século – SP, selo Novos Talentos da Literatura Brasileira. Tenho até o momento três livros: o romance “Reencontro” (2011), o livro de poemas “A Queda da Bastilha” (2012) e o de crônicas “Coração em Chamas” (2014). Além de participações em algumas antologias, publicações em portais e impressos. Como dá pra ver, minhas obras são variadas... Fiz de tudo um pouco. Mas tenho me dedicado a escrever romances. Tenho vários roteiros encaixotados no sótão da minha cabeça. Tô escrevendo um romance misturado com aventura, vamos ver como vai ficar essa experimentação com muitos mistérios do passado e do presente, aguardem para 2015. Bom, se quiserem ler, eu sou colunista dos portais: Arca Literária (www.arcaliteraria.com.br), Benfazeja (www.benfazeja.bravowebdesign.net) e Cronópios (www.cronopios.com.br). Hoja vejo que cada página de livro, escrito ou lido, é uma porta. Ou melhor, um portal. Você pode viajar para dentro de si mesmo e para o mundo lá fora, até mesmo para mundos que não existem. 

4 – Você fez um romance, um livro de poesias e um de crônicas, um trabalho bem diversificado, por assim dizer. Como foi participar do selo “Novos Talentos da Literatura Brasileira”, da Editora Novo Século? E os outros livros? É sempre difícil editar um livro, ou após sua primeira publicação as coisas ficaram mais fáceis?


Leila: Fico muito feliz por ter começado em uma editora tão conceituada, em um selo tão especial que é para escritores promissores do Brasil. Batalhei bastante pra publicar meu primeiro livro. Aliás, para publicar todos eles. O segundo, “A Queda da Bastilha”, devo ao Majela Colares, poeta e contista, mais de dez livros publicados, editor e crítico literário que acreditou nos meus poemas e me sugeriu escrever um livro, publicado pela Confraria do Vento – Rio. Esse livro teve críticas bem positivas, como “Reencontro”, isso me deixa muito grata e animada. O último, “Coração em Chamas”, de crônicas, foi mais eu experimentar o campo das narrativas curtas, eu queria ter uma obra nesse gênero. Uma das minhas metas é um dia ter também um livro de contos. Mas meu campo preferido mesmo é o dos romances, misturados com aventura e mistério, passado e presente entrelaçados. Sobre editar um livro, pra mim é natural escrever e agradável editar, eu mesma ajudo a editar meus livros, trabalho com revisão para editoras e autores independentes, devo ter revisado mais de cem livros e editei alguns. É quase um hobby. O mais difícil é publicar, no Brasil. E depois divulgar, e depois manter o foco, os pés no chão, a mente aberta e a coluna ereta, como diz o ditado. Se escrever é seu dom, seu sonho, vale a pena. E claro que, conforme vamos publicando, os horizontes vão se abrindo, vai ficando um pouco mais fácil, mas é sempre necessário trabalhar com vontade e seriedade. Algo que ajuda muito a divulgar qualquer autor é a Internet, as redes sociais, vivemos mergulhados nelas, a maioria de nós. Lá você pode conhecer e mostrar muitas coisas legais, inclusive na área literária. Eu por exemplo utilizo bastante a Internet.

5 – Você acha, então, que a Internet facilitou um pouco as coisas?

Leila: Certamente. Não só um pouco, mas muito. A Internet democratizou o conhecimento, nos reúne em comunidades por diferentes afinidades – o que nos liga a diferentes pessoas e grupos. Para alguém que quer mostrar seu trabalho, é uma mão na roda. Mas tem que saber utilizar, também. E tem que ter empenho. É muito legal interagir com os leitores, conhecê-los, conversar com eles e também acessá-los de diferentes maneiras. È legal saber como está o mercado, o que as pessoas estão lendo, o que você pode ler, escrever, pensar. O foco da Internet daqui pra frente acho que vai ser organizar e filtrar a informação. Não serve mais qualquer coisa, tem muita poluição visual e textual, então você tem que ter planejamento e dedicação.

6 – Em Porto Alegre tem uma feira literária bacana, que ostenta como um dos eventos mais concorridos o “Tu, Frankenstein”. Você costuma participar de eventos literários, saraus, ou palestras? Qual a importância desses eventos em sua opinião?

Leila: Ultimamente confesso que ando meio distante dos eventos literários. Mas amo a Feira do Livro de Porto Alegre. Lancei meu livro “A Queda da Bastilha” lá em 2012. “Reencontro” também autografei na Feira do Livro de 2011. Acho que feiras literárias são ótimas tanto para escritores como leitores, e o Brasil deve dar espaço a eles, editoras e governo. Sobre outros eventos, já participei e continuo nesse caminho, qualquer evento literário é ótimo para escritores e leitores, tem a interação, novidades, divulgação, socialização, a democratização da leitura em um país que infelizmente não lê muito mas que está se desenvolvendo nessa área. O escritor tem que estar por aí. Hoje em dia ele não é mais aquela pessoa que escreve isolada em uma casinha na montanha, aquele ar de mistério, aquela aura elitista ou excêntrica, mas alguém que aparece na mídia, que está sempre perto de seus leitores, lado a lado com eles, um parceiro, um amigo, até um psicólogo. 

7 – Quais autores a inspiram na arte de escrever? 

Leila: Ixi, poetas, cronistas, romancistas, muitos. Minha diva é Clarice Lispector. Porque ela conseguia “dizer o indizível”, dar forma gramatical aos sentimentos mais profundos e também, às vezes, mais corriqueiros. Ela expôs a alma, especialmente a feminina. Na poesia Mario Quintana, Manoel de Barros, Fernando Pessoa, no romance Nora Roberts, Luiz Antônio de Assis Brasil, Érico Verissimo e Umberto Eco com seus épicos, até Dan Brown admiro por sua escrita perspicaz e original no mercado literário. Não me ligo muito em autor. Prefiro livros com temas que me interessem. Por exemplo, gosto do senso de humor leve e inteligente do Rick Riordan na sua escrita, a leitura é muito divertida. Não dá pra gente se inspirar tanto nos outros, tem que ser no nosso coração que é único. Daí vem, ou devia vir, o que a gente faz de mais importante na vida. 

8 – Um conselho para quem quer se aventurar no mundo da escrita no Brasil? 
  
Leila: Persistência, investimento de tempo e, se possível, financeiro. Divulgação, divulgação, divulgação. Contatos, parcerias, os blogs ajudam muito, Facebook, redes sociais, eventos. Começando devagar, com o pé no chão pra não cair em um buraco que leve a um perigoso mundo de Alice no País das Maravilhas. Sempre mantendo a humildade. Ler muito é um conselho importante, também, e estar por dentro do mercado literário.

9 – Os livros são artigos, de certa forma, caros para a maioria dos brasileiros e talvez isso venha a prejudicar o acesso aos escritores estreantes nacionais, que geralmente começam seu trabalho com edições de tiragens pequenas – quanto maior a tiragem, menor o preço de capa. Os livros estrangeiros levam vantagem no mercado editorial, visto que são mais baratos e muitas vezes já chegam nestas terras estigmatizados como “best seller. Você acha que o governo pode intervir nesse processo, para facilitar a “aventura” dos escritores brasileiros estreantes? Isso é possível?

Leila: Eu disse antes que o Brasil pouco lê, e em parte é por causa dos valores elevados que impregnam a literatura no Brasil. Tanto a impressa como a digital. Isso poderia ser trabalhado pelas editoras e pelo governo, no sentido de diminuir os preços de produção e divulgação, principalmente dos livros nacionais. Muitas editoras nacionais exploram os autores, cobrando valores muito altos, e repassam esse valor absurdo para as vendas das obras. As tiragens pequenas são bem úteis no começo da carreira do escritor, até sob demanda, mas o que a maioria dos autores quer é ser lido pelas massas, ao menos a massa do seu público-alvo. Como você falou, quanto maior a tiragem, menor o preço de capa, então quanto mais livros você produz, melhores as perspectivas de venda. Mas, na minha opinião, no Brasil os preços de qualquer tiragem costumam ser bastante elevados em comparação com Estados Unidos e alguns lugares da Europa, mercados literários mais populares e prósperos. Os estrangeiros carregam seus preços reduzidos ao chegarem aqui, é uma competição desleal com os nacionais. Já vêm com grandes tiragens e marketing bancado por grandes editoras. Reitero que as editoras e o governo podem e devem intervir no processo de valorização do escritor nacional, porque potencial temos. Tivemos Clarice Lispector, Mario Quintana, Erico Veríssimo, até mesmo Paulo Coelho que, embora nem todo mundo goste, é uma referência mundial em seu gênero. Temos vários autores talentosos surgindo sempre. Vejo que há uma dificuldade especial no Brasil para os romances nacionais, o mercado internacional estigmatizou os romances “enlatados”, que, como você disse, já vêm como best sellers e vão das páginas para as telas. Agora fazer isso, dar uma força aos autores nacionais, envolve várias medidas, com certeza muitas podem ser adotadas, é só ter boa vontade e não pensar só no bolso, só no que “já vêm best seller e dá lucro” mas no potencial do autor daqui, que leva o nome de seu país nas costas, nas páginas, nas palavras. Não vê-lo como inferiorizado e nem se conformar com essa selva globalizada da literatura e do cinema. Parece uma coisa meio brasileira o desvalorizar o que é nosso, especialmente na arte, em comparação ao estrangeiro, de Primeiro Mundo. O Brasil precisa de amor-próprio, ainda mais agora com tantos problemas e dificuldades, e isso vale para a área literária que tem tido um papel tão presente na mídia, aliás em todas as mídias, a literatura ultrapassou o livro. Cada vez mais pop, mesmo no Brasil, por isso sua responsabilidade é grande como fonte de informação e diversão. 

10 – Por fim, gostaríamos de agradecer novamente sua presença no Barato Cultural. Conhecemos a Leila de Ontem, de Hoje, mas e a Leila do Futuro? Conte-nos sobre seus projetos: vem algo novo por aí?

Leila: Vem um novo romance, com o qual tô bem empolgada! E bem envolvida. Mistura amor com mistérios, aventuras, arqueologia, passado e presente interligados. Quem sabe algumas revelações da História da Humanidade não venham por aí! As pessoas andam querendo descobrir suas raízes. Escrever dá trabalho, mas nada é mais indispensável a um escritor que poder inventar suas histórias ou seus versos. Sobre essa história que tô escrevendo, acontece no Rio de Janeiro mas vai a outros lugares do mundo. Como em tudo o que escrevo, tem um teor de reflexão, faz pensar, mas sem excluir a emoção e a ação. Peguei um caldeirão e fui jogando várias coisas, uma fórmula borbulhante de letrinhas. Vai ser publicado em breve. É um tipo de fórmula nova que tô tentando. No mais, ano que vem vou participar da revista REDEMUNHO, do amigo e poeta Majela Colares, com vários nomes consagrados da literatura brasileira e mundial, um projeto que procurará unir a produção artística, não só literária, de todos os cantos do Brasil e do mundo. Vai ser bem legal, precisamos dessa compilação das variedades culturais do país, ainda mais na arte. Nosso país é muito rico, não financeiramente, mas em criatividade e alegria.

Um comentário:

  1. Nossa! Adorei a entrevista! Já li todos os livros da Leila, e estou super curiosa para ler esse novo livro que ela está trabalhando.
    Beijinhos

    www.docesresenhas.com.br

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