Da France Presse |
Número de palestinos mortos passa de 1.100.
Israel alertou a população civil a abandonar a periferia da cidade de Gaza.
Equipes
de resgate palestinas procuram vítimas em um prédio destruído por um
ataque aéreo israelense em Rafah. (Foto: Said Khatib / AFP Photo)
Em 21 dias, a ofensiva de Israel matou 1.113 palestinos - 70% civis - e deixou cerca de 6.200 feridos.
"Sete pessoas, sendo cinco mulheres e uma criança, foram mortas em um bombardeio que destruiu um prédio de três andares em Rafah", no sul da Faixa de Gaza, informou nesta terça Ashraf al-Qudra, porta-voz dos serviços de emergência.
Segundo al-Qudra, que não precisou onde ocorreram as mortes, 26 palestinos, incluindo nove mulheres e quatro crianças, morreram vítimas dos disparos de artilharia contra Rafah e dos ataques aéreos contra Bureij.
A aviação israelense também bombardeou na manhã desta terça a casa de Ismail Haniyeh, líder do Hamas na Faixa de Gaza, situada no campo de refugiados de Shatti, no noroeste do território palestino, informou a família do dirigente.
"O inimigo israelense bombardeou nossa casa em dois ataques", disse Abed Salam Haniyeh, filho do dirigente do Hamas.
Segunda-feira sangrenta
Israel e o Hamas retomaram os combates na segunda-feira, quando 47 corpos deram entrada nos necrotérios da Faixa de Gaza: 31 palestinos mortos nos bombardeios e 12 retirados de escombros. Outros quatro palestinos morreram no hospital após seu resgate de escombros.
No início da noite de segunda, cinco combatentes palestinos, que tinham se infiltrado no sul de Israel, foram mortos nas imediações do kibutz de Nahal Oz, perto da fronteira. O Hamas reivindicou a autoria de uma operação na área afirmando ter matado "mais de dez soldados".
Nesta terça, o Exército hebreu admitiu a morte de cinco soldados em combates com um comando palestino que tentava se infiltrar em Israel por um túnel, na zona de fronteira com a Faixa de Gaza.
"Os soldados de infantaria Daniel Kedmi, 18 anos, Barkey Ishai Shor, 21, Sagi Erez, 19, e Dor Dery, 18, foram mortos nesta tentativa de ataque", informou o Exército, acrescentando que um quinto militar também morreu na ação.
Na noite de segunda, um oficial hebreu informou a morte de quatro militares tripulantes de tanque, atingidos por um tiro de morteiro ao longo da fronteira com o enclave palestino, e de um quinto soldado, que caiu nos combates em Gaza.
No total, o Exército hebreu já perdeu 53 soldados, o maior número de baixas desde a guerra contra o Hezbollah libanês, em 2006.
Três civis israelenses foram mortos por disparos de foguetes da Faixa de Gaza.
Ainda na segunda, oito crianças e dois adultos morreram no campo de refugiados de Shatti. Ambos os lados do conflito trocam acusações, mais uma vez, sobre a responsabilidade no episódio.
Segundo testemunhas, caças israelenses F-16 lançaram cinco mísseis sobre um grupo de crianças. Já o Exército de Israel garante que se trata de disparos de foguetes lançados pelo Hamas.
Israel também intensificou seus ataques contra a cidade de Gaza, especialmente sobre o bairro da Universidade Islâmica, constatou a AFP.
Por volta das 19H15 (13H15 Brasília), Israel conclamou a população civil a abandonar a periferia da cidade de Gaza "imediatamente", antecipando os bombardeios. O hospital Shifa - o maior do enclave palestino e que vinha sendo poupado da violência - foi sacudido por uma explosão, mas ninguém ficou ferido.
Cinco pessoas, entre elas três crianças, morreram atingidas por disparos de artilharia que destruíram uma casa em Jabaliya (norte); e outra criança, de 4 anos, morreu ao ser atingida por um disparo de tanque na mesma cidade. Além disso, outro palestino perdeu a vida no centro do enclave e outros quatro, em Khan Yunis (sul).
Em um discurso transmitido pela televisão nesta segunda, o premier-israelense, Benjamin Netanyahu, advertiu compatriotas que se preparem para "uma longa campanha".
A calmaria de domingo não durou muito. Com a retomada das hostilidades a celebração do Fitr, que marca o fim do Ramadã, foi trágica para os 1,8 milhão de habitantes da Faixa de Gaza.
"É o Eid de sangue", resumiu Abir Chamali, passando a mão sobre a terra que acabava de ser depositada sobre o corpo de seu filho de 16 anos, morto na quinta-feira (24) perto da Cidade de Gaza.
Em três semanas, de acordo com os serviços de emergência locais, a ofensiva israelense deixou 1.104 mortos palestinos -- mais de 70% civis, segundo a ONU -- e por volta de 6.200 feridos na Faixa de Gaza.
Em Nova York, os 15 países-membros do Conselho de Segurança da ONU, reunidos com urgência, manifestaram em uma declaração unânime seu "forte apoio a um cessar-fogo humanitário imediato e incondicional" exigido por Barack Obama.
O representante palestino na ONU, Ryad Mansur, lamentou que o Conselho não tenha exigido a retirada do bloqueio imposto desde 2006 a Gaza, enquanto Israel considerou que a decisão não havia levado em consideração as necessidades de segurança de Israel.
Com base no forte apoio de sua opinião pública, Israel alega querer concluir seu plano de neutralizar os túneis em Gaza usados para a passagem de armas e combatentes, antes de qualquer trégua.
O Hamas exige uma retirada israelense de Gaza e o fim do bloqueio no território controlado pelo movimento desde 2007 para discutir um cessar-fogo.
Fonte: G1
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