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29 de julho de 2014

Folha de S. Paulo: Chuva de meteoros dupla para hoje

Imagem mostra uma chuva de meteoros de respeito, registrada em 2006.

Quem estiver com coragem e tempo livre na madrugada de hoje para amanhã (terça para quarta) terá a chance de ver duas chuvas de meteoros simultâneas. O fenômeno, que acontece anualmente, será observável em todo o Brasil e exige apenas céu aberto e paciência, sem nenhum equipamento adicional.

Imagem mostra uma chuva de meteoros de respeito, registrada em 2006.

Dizer que são duas chuvas distintas implica a existênciade duas fontes diferentes de poeira cósmica que adentram a atmosfera da Terra, produzindo as famosas “estrelas cadentes”.

Conhecidas como alfa-capricornidas e delta-aquáridas do sul, elas atigem seu pico juntas, no dia 29 de julho, e são muito difíceis de distinguir uma da outra. Primeiro porque seus radiantes (o ponto no céu de onde parecem emanar os meteoros) são muito próximos, localizados respectivamente nas constelações vizinhas de Capricórnio e Aquário. Depois, porque nenhuma delas figura entre as mais espetaculares chuvas anuais de meteoros.

AMANHÃ É OUTRO DIA

Isso, contudo, vai mudar no futuro distante. As alfa-capricornidas são resultado do esfarelamento parcial do cometa 169P/NEAT, que aconteceu uns 5.000 anos atrás. Naquela ocasião quase metade do núcleo desse objeto se desfez. Como todos os cometas, ele é basicamente uma bola de gelo sujo. Ao se aproximar do Sol, o gelo evapora, e o bólido vai deixando partículas de poeira ao longo de sua órbita. São essas pequenas partículas desgarradas que adentram a atmosfera conforme a Terra cruza a órbita do bólido celeste, em seu trajeto anual em torno do Sol.

Ocorre que no momento apenas uma parte pouco densa da nuvem de partículas do 169P/NEAT se oferece ao caminho percorrido pela Terra. Nos próximos séculos, ela continuará a se deslocar lentamente, de forma que, entre 2220 e 2420, o planeta deve se encontrar com a região mais densa da nuvem. Então a alfa-capricornida será a mais prolífica chuva de meteoros anual, com mais de 400 meteoros por ora. É mais do que qualquer chuva que tenhamos hoje.

Por ora, no entanto, ela é bem modesta, de forma que só se pode esperar uma taxa máxima de 5 meteoros por hora. Esse número só não é desprezível porque as estrelas cadentes alfa-capricornidas tendem a ser brilhantes e lentas, o que facilita sua observação.

A segunda chuva a atingir seu pico hoje, delta-aquárida do sul, é aparentemente produto de vários cometas que passam rasantes ao Sol. Com órbitas bem acentuadas, as partículas remanescentes desses objetos viajam em altíssima velocidade, o que produz meteoros bastante rápidos — duração menor que um segundo. Um ou outro atinge grande brilho, mas não é comum. É possível, nas melhores condições de observação, detectar 15 a 30 meteoros por hora.

COMO OBSERVAR

“Para ver uma chuva de meteoros, você só precisa dos seus olhos, uma cadeira de praia e motivação”, explica Gabriel Hickel, astrônomo da Universidade Federal de Itajubá (MG). “Não há região específica do céu a olhar. O ideal é procurar um lugar escuro, longe da poluição luminosa das grandes cidades, com o horizonte livre e deitar-se emuma cadeira de praia, de modo a ver o máximo de céu possível.”

O astrônomo já avisa: não espere um show pirotécnico. “Observe por pelo menos uma hora para ver um número razoável de meteoros. Essas chuvas são melhor visualizadas entre as 2h e as 4h da madrugada.”

Uma vantagem importante é que a Lua está num crescente muito discreto e não atrapalha as observações. Em duas semanas teremos outra chuva de meteoros, as famosas perseidas, mas aí com a concorrência da Lua cheia, o que pode prejudicar a observação.

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